Na escola, tentam convencer-me a baptizar o M. para que ele venha a fazer a primeira comunhão.
Eu sou baptizada e fiz a primeira comunhão, como a maioria das pessoas da minha idade. Porque era costume, fazia parte do viver em sociedade que se diz católica. Se bem me lembro, nunca gostei de ir à catequese e inventava sempre alguma artimanha para faltar – até que fui descoberta e tive que voltar. Mas não por muito tempo.
Eu pensei que a sociedade tinha mudado um pouco, arejado um pouco, que se tinha decidido a parar de fazer só para parecer. Mas parece que me enganei, ainda há muita gente a baptizar os filhos só porque assim tem sido – e outros porque acreditam no que estão a fazer, que muito respeito.
Ao telefone, a catequista tentou convencer-me a tudo.
Segundo ela, sem uma religião em que acreditar sentimo-nos perdidos nas aflições da vida e podemos cair em maus caminhos. Com respeito à senhora, não me ri – mas respondi.
O acreditar é uma força que existe em nós, muito antes da religião aparecer. Compete-me a mim, como mãe, ajudar o meu filho a descobrir essa força que nasceu com ele e dar-lhe bons exemplos, nos bons e maus momentos da vida, agarrando-me também eu à força. E como o faço!
Sinceramente, não acredito que a fé tenha que estar ligada a uma religião e que é a religião que promove a fé!
Se um dia o meu filho se interessar pela religião, é sinal que pensa, que é inteligente. Por enquanto, se eu o fizesse baptizar contra sua vontade, seria hipócrita e pequena, muito pobre no acreditar.
Acreditar é a minha força e é ela que me mantém em pé. Se assim não fosse já tinha desistido de muito.
Só tenho pena que a senhora catequista tenha me tentado convencer. É mau sinal.
O quê????
estou chocada! nem acredito na lata!
Sabes, a mim já me falaram em batisar o meu, e olha que não foi ninguem da escola… mas acho que se arrependeram… 😛
Acho sinceramente que assim, deixarás o teu filho crescer e tomar as suas próprias decisões!
Viva a Liberdade de escolha!!!
Adorei a tua resposta à catequista, felizmente eu não tive que "sofrer muito" mas sei que a madrinha da minha filha teve que sofrer um bocadito no curso para ser madrinha. Eu baptizei a minha filha mais no sentido de lhe dar um ponto de partida para ela desenvolver a espiritualidade, do que por motivos religiosos. Eu tenho uma certa alergia a tudo a que cheire instituições, e dogmas. Embora tenha sido batizada e tenha feito a 1a comunhão sempre fui uma contestatária, hoje, considero-me uma pessoa espiritual, admiro os budistas, os hindus, tanto rezo um pai-nosso, como canto mantras. O mundo já tem tantas divisões que me deixa triste que se criem mais com base no caminho que nos leva à Fonte de Tudo o que É. E acima de tudo acredto que somos todos UM. Beijinhos e um fim de semana feliz. Ana Miller
Cada vez que ouço uma conversa destas, lembro-me sempre de uma passagem dos Maias em que Afonso da Maia diz ao curo que não é a cartilha que vai tornar o neto num homem digno. Não sei quais são as palavras exactas mas o espírito é esse. Por isso, deixa a criança crescer e ajuda-o a ter princípios. E se um dia ele quiser baptizar-se que o faça por livre escolha.
Um abraço!
Está a aparecer um movimento interessante de pessoas, especialmente neste momento em que estamos em pleno recenceamento no Reino Unido, muitas pessoas estão a optar por se considerarem Holisticas no que respeita ás suas crenças, talvez este seja o primeiro passo no sentido de uma maior abertura e liberdade pelas escolhas de cada um. O mais importante é mesmo a liberdade de escolha e o respeito pelas escolhas dos outros. Colocar pressão sobre os pais, por muito mais bem intencionada que seja, para batizar os filhos, não é de forma alguma o caminho a seguir. Quando aparecem estas questões de rótulos religiosos, lembro-me sempre de uma frase simples mas magnifica. Jesus não era Cristão, Maomé não era Muçulmano e Buda não era Budista… dá que pensar. Tudo de bom, Ana
A mim tudo me parece claro como água. E parece-me tão simples, o respeito pelas escolhas de cada um. O que me fere mais é a maneira como me olham – ficam de olhos arregalados, surpresas, como se eu fosse um ser de outro planeta!…
E o mais engraçado é que já tenho ido a missas por curiosidade e as beatas só falam da vida dos outros enquanto o padre fala!
Infelizmente, Portugal está muito longe de certas mentalidades! E aqui entre nós, Cascais é lindo mas está cheio de gente ridícula.
Por opção nossa, também não baptizamos a M, mas também tivemos necessidade em lhe explicar o porquê dessa decisão, pois ela sentia-se um pouco pressionada na escola para integrar o grupo dos colegas que íam para a catequese. Não acho que pelo facto de não praticar o catequismo, seja ele qual for, ela seja menos feliz, tenha menos capacidades para resolver os desaires que se lhe deparem pela vida fora, ou tenha menos fé. Pelo contrário, acredita e está a ser educada nesse sentido, no poder da força de vontade, e na força que pode encontrar nela própria.
É isso mesmo, Alexandra.
É estranho isto da questão da religião. Discussões e opiniões à parte (pois aqui todas estamos de acordo), o que é facto é que os meus pais não tiveram tantos "problemas" comigo como eu estou a ter com os meus filhos; e já lá vão 30 e tal anos pelo meio.
Ainda no outro dia o director de turma da minha filha me perguntava se nós eramos católicos; eu quis saber o porquê da sua pergunta e ele explicou-me que a miúda não tem medos. ???
religião, educação, escola, futuro = ????
ai, Rosário – são essas as pessoas à frente das crianças todos os dias e isso é assustador.
Mas que medos lhe faltam, quanto a ele?
curioso. a minha filha só conheceu a palavra medo quando foi para a creche aos dois anos. a palavra e os medos..
apesar de ateus ela foi para uma creche paroquial, depois de ter visitado muitas foi a que gostamos mais, é ipss e só fica lá até aos 5 anos.
depois acontecem coisas engraçadas como ela achar que o papa é o namorado de uma das educadoras.. Jesus não só dá prendas no Natal como treina o Benfica!
a minha mãe foi catequista e eu de uma aldeola, imagina o choque quando um domingo depois de vir da minha (com 8 anos) lhe disse que não acreditava em Deus e que nunca mais lá voltava. valeu-me o apoio do meu pai. mas isso também deu direito a muitos telefonemas de beatas e catequistas. mas foi quase à 30 anos.
hoje?? credo? que lata! mas as pessoas não conhecem limites? com que direito te vão falar das escolhas que fazes e educação do teu filho?
Como te compreendo. Eu também sofro essa pressão. Enfim…
a pergunta dele está aqui descontextualizada. gosto deste professor e do trabalho que ele tem feito com os miúdos (pena é que seja único…)
mas sim, fica essa questão no ar: de que têm medo os outros miudos?
Primero te pido disculpas por no escribir en portugués, sé leer en tu idioma y lo entiendo, pero me cuesta escribirlo y lo hablo muy poco.
Yo bauticé a mis hijos, porque era algo establecido, pero no han hecho la comunión, porque me di cuenta de que creer en algo y la religión son cosas muy distintas.
Haces lo correcto.
En España la mayoría de bautizos y comuniones se hacen por quedar bien ante la sociedad, son un mero acto social.
Me gusta mucho tu trabajo.
Cumprimentos,
Cristina
Parece que as pressões religiosas / sociais continuam por aí… Depois de falar com a directora da escola, explicando o porquê do M. não ser baptizado, a professora voltou a perguntar ao M. se não queria mesmo ser baptizado, afirmando que assim não seria irmão de Jesus. Ele respondeu que não fazia mal, que seria meio-irmão.
Como me identifico com toda esta situação. Não sou baptizada. Os meus pais sempre disseram q a escolha era dos filhos e a consideravam demasiado importante para a tomarem por eles. É um pensamento mt à frente para a altura mas intemporal! Assim quero proceder tb com os meus filhos para que saibam que os respeito.
Virgínia, adorei a resposta do seu filho!
Entristece-me que quem "ensina" a religião católica distorça as mensagens fazendo parecer que para merecermos as boas graças de Deus temos que seguir padres, catequistas, etc., que, humanos como nós, são por vezes mais pecadores.
Sandra.