“A mulher é a casa”, dizia Mia Couto – observação bela e profunda de quem admira as mulheres.
A mulher é a casa. A mulher é a casa do filho, é a casa da família, é a casa dela, acaba por ser a casa da história de qualquer um.
Mas há dias, e eu não sei se Mia Couto sabe disto, em que a mulher se transforma na casa, desaparecendo nela. E por mais anos que passem e experiências que fiquem, a mulher acaba por se deixar desaparecer na casa, na família, na história uma e outra vez.
Trabalhe ela fora ou dentro, a mulher desaparece e passa a ser parte da casa.
Há dias em que não me importo, há dias em que me custa um pouco e há dias em que me custa muito.
Depois da roupa passada a ferro, do almoço feito e da louça já suja outra vez fui-me deitar para, com alguma sorte, dormitar uns minutos. Quando voltei à sala, o cesto da roupa que tinha vencido já lá estava outra vez, com nova roupa para passar. Pareceu-me que se ria de mim. Eu não lhe achei graça e desejei-lhe a morte.
A Casa.
Bem inestimável e imprescindível para a maioria de nós.
Ainda assim, um bem.
É por isso, e também por quase todos o tomarem por certo, que a mulher nele se confunde, se transforma e até desaparece.
De facto, a mulher deixa-se desaparecer e perpetua esse gesto de geração em geração…
Querida Rosário, um abraço para ti.
Ai, como eu a percebo…
desde que sai de portugal deixei de trabalhar fora de casa. E por vezes sinto falta de apenas sair no correeiro da manha e fechar a porta atras de mim! Connosco o trabalho nunca acaba por isso continuo a sair e fechar a porta atras de mim e quando regresso venho sempre mais animada!!