No dia em que comprei este fio estava grávida ainda sem o saber. Em poucos dias, o meu corpo já dava sinais de mudança – e eu, cheia de incertezas, não ouvia a grande certeza que guardava em mim.
Comprei-o pela cor, uma cor totalmente nova para mim, um apetite diferente que veio sem explicar porquê. Alguém o escolheu, alguém que não era eu.
Quando tive a certeza que ia voltar a ser mãe pedi à minha avó que me tricotasse um pequeno vestido, confiante de que desta vez seria uma menina. Uma menina com quem já tinha sonhado e para quem o irmão já tinha um nome guardado à espera. A minha avó assim fez, entusiasmada pelo desenrolar da vida, feliz por se saber incluída nesse preparar do ninho. Até àquela manhã.
O vestido ficou a meio. O quarto ficou vazio. E eu nunca mais fui a mesma.
O meio vestido ainda está guardado no mesmo saco, com os nossos planos, com a nossa vida para sempre. Tão guardado quanto eu, sobreviventes.
Dos novelos que sobraram comecei a fazer uma camisola para mim, sem mangas, para o verão. O ponto zig-zag, alternando carreiras fechadas com carreiras abertas, pareceu-me simples mas depressa percebi que a receita que seguia não me era suficiente. Recorri ao attic 24 e fiquei mais descansada – nada como simplificar, sem culpas, que a vida é boa e bonita e o que é bom é para se viver.
Percebi que o esquema, sem os abertos, num ritmo repetitivo de ondas que ora sobem, ora descem se tornava um trabalho muito mais relaxante. Música para os meus ouvidos.
Mas para uma camisola começou a parecer-me demasiado pesado, sem surpresas pelo meio. Iria gostar de o usar? Teria eu fio suficiente para tanto?
Decidi agarrar naquilo que aprendi com todo este faz e desmancha e dar mais uma oportunidade a mim mesma – e ao fio. Voltei ao primeiro esquema, intercalando zig-zag fechado com zig-zag aberto, desta vez mais confiante. Parece-me mais adequado a uma camisola de verão (adorava saber a vossa opinião).
Agora que (parece que) encontrei o projecto certo para o fio, vou continuar e deixar-me embalar.
Tenho guardado um pedaço de camisola interrompida já há 23 anos. Foi começada, não por uma avó, mas por uma tia muito querida. Tenho andado a pensar em transformá-lo em qualquer coisa para a minha prima, que na altura era pouco mais do que um bebé. Vai ser desta. Obrigada pela inspiração, Virgínia.
O 1º esquema fica com um 'toque' bastante mais leve e fresco para os dias de calor que hão-de vir em força!
Creio que há uma bisavó lá 'em cima' que gostaria muito que a sua obra tivesse continuidade e que a sua bisneta tivesse um vestidinho da mesma cor que a camisola da mãe!! Se bem que bem sei que há dores em que custa muito 'mexer'!
PS: 'Invejo' essas mãos de 'fada'!!
Eu gosto muito do ponto. E a cor é realmente diferente mas muito bonita! Vai em frente! Beijinhos
Este ponto é viciante. Só mais quatro, só mais uma carreira…
Para camisola, voto sem sombra de dúvida na conjugação de abertos e fechados.
Boas ondas.
espero um dia dar esse salto..
faz um ano no fim de semana que tive uma dessas manhãs….
está lindo o ponto…muito leve como parece sentir-se ao fazer este projecto
está lindo, virgínia!
e nada como respirar fundo e retomar tudo o que nos traz memórias boas!
beijinhos*
:'-)
Adoro, claro que adoro. Adoro todos.
Agora, sabendo a história por de trás desse fio… Não desistas desse projecto 😉
Beijinho ;)*
Gosto da cadência do zig zag fechado e aberto. Dá a sensação de frescura e de começos novos. 😉 Beijinho
Aconteceu-me o mesmo este ano. Também era uma menina. E também não voltei a ser a mesma…
Beijinho,
Olga
Abertos e fechados para a camisola!
Adoro a cor!