A caminho de Monsaraz V


Em plena vila de Monsaraz encontrei uma holandesa. Chegou a Monsaraz há 45 anos, onde mais tarde comprou a Fábrica Alentejana de Lanifícios, em Reguengos de Monsaraz e a ela se dedica de corpo e alma. A sua loja, a Loja da Mizette, é paragem obrigatória para quem se interessa pelo artesanato genuíno português.
O artesanato laneiro está na origem do actual concelho de Reguengos de Monsaraz e constitui uma referência fundamental na história da região. Desde o séc. XVI as passagens de grandes rebanhos da transumância ligada à Mesta Espanhola, juntamente com a fixação no local de couteiros da Casa de Bragança, criaram condições excepcionais para o desenvolvimento desta actividade.
A Fábrica Alentejana de Lanifícios encarna toda essa herança. Desde a sua formação, na década de 30, continuou o prestígio e a qualidade dos tecidos reguenguenses, criou a imagem de marca das Mantas de Reguengos e contribuiu significativamente para a sua internacionalização quando em 1958 lhe foi atribuída a Medalha de Ouro na Exposição Universal de Bruxelas.
É propriedade, desde 1978, de Mizette Nielsen que continuou a tradição, divulgando ainda mais a manta alentejana. Introduziu inovações e criatividade. Acrescentou valor e nova dimensão a uma arte tão significativa na identidade cultural do Alentejo.

Foi uma surpresa, mas uma surpresa boa. Esta mulher, vinda de tão longe, tem uma missão nas mãos. O seu receio, e meu também, é que não haja ninguém que continue esta tarefa quando ela se aposentar.

To be continued…

3 comentários em “A caminho de Monsaraz V”

  1. Lindo post! Brinquei bastante junto aos teares da Mizette quando vivi em Reguengos, há mais de 25 anos. E dormi muitas noites aquecida pelas suas magníficas mantas 🙂

    PS: Em Lisboa, as mantas da Mizette vendem-se n’A Vida Portuguesa.

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