Em casa da minha avó, as mãos estavam sempre ocupadas. Os dias eram grandes, o tempo chegava para tudo. A máquina de costura sempre pronta a concertar uma peça de roupa, o crochet nas mãos da bisavó já quase cega, o bisavô que fazia crescer alfaces e morangos ali mesmo no terraço e que eu ia oferecer às vizinhas – uma alface era tão bonita quanto um ramo de flores.
As missangas também costumavam estar presentes. Gostava de as ir comprar à baixa com os meus avós. De comboio, viagem longa e excitante, depois a pé pelas pequenas ruas e becos de Lisboa. Na casa que as vendia, pequenina, as missangas eram contadas de cinco em cinco. E eu queria ser capaz de o fazer tão bem como a filha do dono. Tantas cores, tanto brilho, tudo empacotado em papel pardo. De volta ao comboio. De cabeça fora da janela até o revisor chegar.
As casas dos avós são sempre especiais: têm o seu próprio ritmo, cheiro e tudo!
Recordo tantas vezes o momento em que ia ao quintal apanhar o que a minha imaginação queria…*
Olá!
Que lindo!
Parece coisas muito insignificantes e simples mas que ficam gravadas na nossa memória. Quando somos pequenos estas pequenas coisas pareciam mágicas e hoje faz-nos recordar com um gostinho especial… que saudade.
Beijocas
Dora
Também guardo algumas missangas de vidro da minha avó, colares desfeitos pelo tempo e pelo uso. Qualquer dia enfio as contas e dou-lhes vida outra vez!
Da minha avá guardei muitos botões, relíquias que eu agora sou incapaz de as aplicar nos meus trabalhos, limito-me a olhá-los de vez em quando! Beijinhos
Eu tenho guardado tantas coisas da minha avó!.. Ela bem quer que eu as use mas custa! 🙂 Beijinhos!
que boas memórias!